segunda-feira, 28 de março de 2016

Olhe...



" Olhe em meus olhos
Veja o que já vivi
Sofri
Senti...

Sou velho
Tão velho
Dancei na terra recém formada
Me banhei no primeiro pingo de chuva...

Cacei seres abissais
Me sentei ao lado dos titãs
Ri dos novos seres idolatrados
Amaldiçoei os fracos de carne e osso...

Degustei o fruto proibido
Fui pastor e agricultor
Deitei-me em tantos leitos
Nunca um igual ao outro...

Sapateei nas guerras
Vi a morte de tantas formas
Maneiras
Ela sempre sorriu e fugiu de mim...

Impérios caíram

Sistemas surgem e adoecem
Pessoas são como fantoches
Pequenos hamsters manipulados correndo...

Vi a aurora
Entrei nas trevas
Me alimentei desse dito moderno
Verei o futuro igual ao passado morto...

Serei eu o ultimo
Aquele que sozinho
Fechará as portas
Selará as entradas, ninguém merece voltar...


Olhe em meus olhos
O universo não está fora
E sim dentro, então
Olhe atentamente em meus olhos..."

Sorrir. . .



" Pior das minhas loucuras
Eh quando estou a sorrir

       sozinho...
Naquele momento
Naquela pequena realidade
       sou feliz...
Amo

Sou amado
       estou feliz...
Minha loucura 

É o eco dessas desilusões
       mentiras não ditas...
Todas ouvidas
Sorrir sozinho
       louca versão de mim...


Perco em meus pensamentos
Escuto as vozes

       que nunca se calam...
Me ofendem
Lembram minhas derrotas
       minhas amarguras, chagas abertas...
Nego essas verdades
Choro sorrindo
       vivo em meu labirinto...
Nesse sonho acordado
Sou um bom homem, pai e amigo

       nele sou escolhido, não me deixam...

Cansei de jogar
Não quero mais perder 

       não deixe a dor continuar...
Tantos se foram
Só ficam aqueles que estão aqui
       em minha cabeça, minha realidade...
E mesmo assim eles me trocam
Insana forma de viver
       um dilacerar lento, angustiante, isso é viver?

Essa é minha loucura
Existência mórbida

       é isso que sou quando estou a sorrir..." 



sábado, 5 de março de 2016

Ouroboros...


" Novamente caiu nessa dança
O redemoinho sujo
Minha doce espiral
Principio, meio e fim...

Um mar sem fim
Nadar e nadar
Infindáveis eras
Para não encontrar a terra prometida...

Lento abraçar
Esse destino perverso
Aceitação tenebrosa
Novamente e de novo...

Como se nesse jogo
Sempre perdesse
Sempre houve continue
Mesmo não querendo continuar...

Maldita mania de acreditar
Ter esperanças
Sorte
Ou quem sabe apenas um dia bom...

Tiro acertado
E novamente
Um Deja-vu
Novamente...


Deveria estar acostumado
Seria bom aprender
E reaprender
Nessa lição tantas vezes feita...

Minha vida é Ouroboros
Mas o que fiz ?
Onde errei ?
O que acertei...

Novamente e somente assim
A serpente sibilando
Começo, meio e fim
Meu recomeço das cinzas...

Abraço esse destino
Apenas mordo com minhas forças
Sou um tolo
Não sou um bom homem...

Agora e novamente
Refaço
Deja-vu
Pervertido recomeçar...

Novamente caiu nessa dança
O redemoinho sujo
Minha doce espiral
Principio, meio e fim..."

sexta-feira, 4 de março de 2016

Silencio. . .


"Aprendi muitas vezes que ao ler um texto é somente um texto.
Um desabafo.
Um pensamento jogado no ar .
Sem pretensão de machucar ou idealizar algo ou alguém...
Simplesmente um texto.
Parei de criar em minha cabeça complementos de coisas ou situações. Pois exatamente nessas imaginações que me pegava pensando demais, me achando demais.
Ainda tento explicar que um texto é um texto e algumas vezes pela dor que ele mostra ou a tristeza ... ou pela alegria e amor não precisa de mais... ou de adendos... ou de mais que um simples silencio...

As vezes gostaria de ser entendido assim com um pensar...
Deixando-me na ignorância da felicidade ou no simples silencio da esperança. "

Envergado. . .




 " Eu aceito
Estou derrotado
Sem mais forças
Entregue aos lobos...


Deixado para trás
Tantos sonhos despedaçados
Luta de dias
Perdida nesses detalhes...

Eu juro
Eu lutei, tentei
Fiz meu melhor
Porem parece que não foi suficiente...

Não sou um bom homem
Nem caçador eu sou
O que posso fazer ?
Se sinto tanta dor...

Você diz que devo continuar
Não existe fundo do poço
Sempre há esperança
Mas meu coração não bate mais...

Já chorei demais
Noites seguidas
Implorando um milagre
E simplesmente fui deixado de lado...

Já desmaie e me entreguei
Todo dia continuo lutando
Com o que me resta de forças
Com o que me resta de humanidade...

Mas fui envergado
Arvore que depois de milênios
Se curva a vida
Não sou um bom homem...


Agora fiquem felizes
Eu desisto
Não quero mais jogar
Já cansei de tanto perder...

Doi demais
Como pode sempre haver mais e mais 

Não quero mais respirar
Sentir a carne lacerada... queimada...

Deixei de escrever
De olhar e registrar
De rir
De amar com todas as forças...

Agora sou uma sombra
Um fantasma do que já fui
Detalhe jogado no lixo
Fiquem felizes fui envergado..."